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domingo, 21 de dezembro de 2014
Choro de perdedor Aécio Neves
Tentar impedir a posse de Dilma (PT) no tapetão parece apenas choro de perdedor
O PSDB pediu à Justiça Eleitoral que anule os votos de Dilma Rousseff e
entregue a faixa de presidente ao candidato derrotado Aécio Neves. A
ação tem 54 páginas e um início espantoso. Afirma que a petista teve uma
"pífia vitória nas urnas" e que sua legitimidade é "extremamente
tênue", apesar da vantagem de 3,4 milhões de votos. Por dever de ofício,
continuei a leitura.
O primeiro argumento tucano é que Dilma abusou do poder político ao
convocar cadeias de rádio e TV para se promover. É verdade, mas ela já
foi condenada e multada por isso.Os exemplos citados são de março, no
Dia da Mulher, e maio, no Dia do Trabalho. A campanha só começou em
julho, e depois Marina Silva e o próprio Aécio chegaram a ultrapassar a
petista nas pesquisas. Atribuir sua reeleição a dois pronunciamentos no
primeiro semestre é uma ofensa ao eleitor, que já foi punido com a
overdose de exposição dos três candidatos na propaganda obrigatória.
Algumas páginas adiante, o PSDB afirma que sindicatos apoiaram a
candidata do PT. É uma acusação tão ociosa quanto dizer que bancos
cerraram fileiras com o tucano.
Como provas, o texto enumera outdoors espalhados por professores
mineiros em endereços como a rua 33, em Ituiutaba, e a avenida Pau
Furado, em Uberlândia. Se Aécio pensa ter encontrado aí a razão do
fracasso em seu próprio Estado, o PT já pode gelar o champanhe para
2018.
A ação ainda enfileira irrelevâncias como a publicação de notícias
simpáticas à presidente em um site oficial e o transporte gratuito de
eleitores para um comício em Petrolina.
Por fim, o PSDB cita Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras,
para sustentar que Dilma foi bancada por empreiteiras corruptas. Muitas
também financiaram Aécio, mas isso é o de menos. Se as denúncias forem
confirmadas ao fim do processo, a oposição poderá até defender o
impeachment da presidente. Tentar impedir sua posse agora, no tapetão,
parece apenas choro de perdedor. - De Bernardo Melo Franco - Colunista
da Folha
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