Google+

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aécio intervém e prefeito do PSB dá mais cargos a tucanos

Senador age para que correligionários ocupem mais espaço na reforma do secretariado da gestão de Belo Horizonte



BELO HORIZONTE - O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), vai abrir mais espaço no governo para os aliados do PSDB na reforma do secretariado a ser anunciada ainda esta semana após intervenção do senador e pré-candidato tucano à Presidência, Aécio Neves.
O clima entre os dois partidos havia "azedado" porque Lacerda queria nomes técnicos em cargos importantes. Chegou a recusar sugestões do PSDB mineiro.
Na cobiçada Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, por exemplo, os tucanos queriam emplacar o presidente municipal do partido, o deputado estadual João Leite.
Apesar de ser correligionário do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, cotado para a disputa pela Presidência em 2014, Lacerda é mais próximo de Aécio. Daí a intervenção do senador tucano ter dado resultado. O próprio prefeito admitiu nesta segunda-feira que abrirá mais espaço para os tucanos. "Está um ambiente tranquilo, sem nenhuma dificuldade", disse Lacerda, referindo-se à aliança com os tucanos.
A "tranquilidade" é tanta que, mesmo sendo do partido de Campos, Lacerda prefere não declarar apoio a uma possível candidatura do correligionário. "Essa é a pergunta preferida", brincou, referindo-se ao questionamento sobre seu apoio em 2014.
"Em 2009, a pergunta era em 2010, como é que vai ficar (seu apoio). Não adianta anteciparmos isso. A prioridade é fazer um bom trabalho de administração do município", acrescentou. A gestão em Belo Horizonte foi classificada por Aécio como "a maior vitrine do PSB" no País.
Com a intervenção de Aécio, além de novos postos os tucanos ainda vão manter cargos que ocupam hoje como as secretarias de Saúde e de Desenvolvimento e a BHTrans, responsável pelo gerenciamento do trânsito e do transporte público.
O PSDB ainda reivindica o espaço antes ocupado por petistas, com os quais Lacerda rompeu em 2012, com o aval de Aécio. O PT acabou lançando candidato próprio nas eleições municipais - Patrus Ananias -, que foi derrotado pela aliança de Aécio com Campos, apesar do esforço pessoal de do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua sucessora, Dilma Rousseff, na campanha de Patrus. 

Promotoria tenta retomar inquérito sobre rádio de Aécio

Disputa entre promotor e ex-procurador-geral de Justiça de Minas foi parar no CNMP, que vai decidir quem tem prerrogativa para investigar repasses a emissora


O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) vai decidir se a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte poderá investigar repasses publicitários feitos pelo governo de Minas à Rádio Arco-Íris, que tem como sócios o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sua irmã, Andrea Neves. A prerrogativa de conduzir a investigação deflagrou um embate no Ministério Público estadual. O CNMP deverá decidir amanhã se tal competência é do procurador-geral de Justiça ou da Promotoria.
O coordenador de Defesa do Patrimônio de BH, João Medeiros, chegou a abrir em março do ano passado um inquérito civil para apurar se o repasse de recursos públicos para a empresa de propriedade de um ex-governador e de seus familiares fere ou não a Constituição. O inquérito foi aberto com base em representação feita pelos deputados estaduais Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB), do bloco de oposição ao governo Antonio Anastasia (PSDB) na Assembleia mineira. Eles pedem que sejam apuradas transferências no período entre 2003 e 2010 - época em que o tucano comandou o Executivo estadual - para a Arco Íris e outras duas empresas de comunicação em nome de Andrea Neves.
A investigação, porém, foi barrada por uma decisão do então procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, que avocou a prerrogativa de comandar o inquérito e o arquivou no fim do ano passado. A medida foi considerada uma afronta por Medeiros, que propôs em junho do ano passado no conselho nacional uma "reclamação para a preservação da autonomia" do MP, pedindo a devolução do inquérito civil. Na prática, o colegiado do CNMP, ao julgar o pedido de liminar, vai decidir se mantém o arquivamento ou se permite que a investigação seja retomada pela Promotoria. Marques já havia arquivado em julho de 2011 o mesmo pedido de investigação feito pelos parlamentares. Inicialmente, a representação foi feita diretamente ao procurador-geral.
Apontada como a principal conselheira de Aécio, Andrea preside o Serviço Voluntário de Assistência Social, mesmo cargo que ocupou no governo do irmão. Na gestão de Aécio - provável presidenciável tucano em 2014 -, porém, ela também coordenou o Núcleo Gestor de Comunicação Social do governo.
Marques arquivou a representação inicial após abrir um procedimento preliminar. Alegou que o "grupo técnico" presidido por Andrea não deliberava "sobre investimentos de publicidade" e que não foram encontrados indícios de irregularidades. Para avocar o inquérito aberto pela Promotoria, ele entendeu que havia continuidade na política de comunicação e, por isso, só caberia ao procurador-geral a atribuição de investigar o chefe do Poder Executivo.
"A Procuradoria fez uma ginástica e estendeu os fatos ao atual governador para justificar a investigação pelo procurador-geral. É uma forçação de barra", disse Medeiros. "Isso pode gerar um precedente negativo." O inquérito foi arquivado por Marques no início de novembro de 2012, quando ele estava deixando a chefia do MP.
Procurado por meio da assessoria do Ministério Público, o ex-procurador-geral não se pronunciou.
O relator do processo no conselho nacional, Almino Afonso Fernandes, já julgou improcedente a reclamação de Medeiros.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

As 13 bravatas de Aécio Neves

Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, até tentou ofuscar a festa de comemoração dos dez anos do PT no governo. Com ampla cobertura midiática, ele usou a tribuna do Senado ontem para listar os “13 fracassos” de Lula e Dilma. Mas seu esforço foi um fiasco. Ele não convenceu nem seus simpatizantes. O discurso foi carregado de ataques, mas vazio de conteúdo e de propostas. Até na mídia privada, que está ouriçada na busca de uma alternativa viável para as eleições de 2014, o senador mineiro foi criticado.
Josias de Souza, o blogueiro oficial da Folha, foi taxativo: “Pode-se dizer que Aécio entrou, finalmente, em campo. Não é pouca coisa. Sobretudo quando se considera o curto-circuito cerebral que desligou a oposição... O mais relevante é notar que Aécio, o centroavante do tucanato, percorreu o gramado sem fazer gol. Não se deu conta de que, como alternativa presidencial, a sua obrigação é oferecer soluções e sonhos”. O discurso de Aécio Neves evidenciou, mais uma vez, que a oposição de direita está perdida, sem rumo.
Como aquele personagem que fica valentão após uma alta dose etílica, ele não reparou que dizia bravatas. Na sua listinha dos “13 fracassos”, ele criticou a área econômica do governo. “Tivemos um biênio perdido com o PIB per capita avançando o minúsculo 1%”; “A indústria [está] sucateada. O setor não tem gerado empregos e, agora, começa a desempregar”; “Destaco a destruição do patrimônio nacional, a derrocada da Petrobras e o desmonte das estatais”.
Quem é o valentão Aécio Neves para falar de PIB minúsculo? O ex-presidente FHC, o seu guru intelectual, quase destruiu o Brasil, com crescimento econômico medíocre durante os seus oito anos de mandato. O país ficou de joelhos para o FMI e quase quebrou. Qual o tucano que tem coragem de falar em geração de empregos e destruição do patrimônio nacional. Só mesmo muito embriagado. Afinal, no reinado de FHC o país bateu recordes de desemprego e as estatais foram entregues na orgia da privataria.
Já no terreno político, Aécio Neves criticou o autoritarismo do PT. Ele até citou a dissidente cubana Yoani Sánchez para alertar sobre o risco de atentados à liberdade de expressão. Logo ele que controla com mão de ferro a imprensa mineira através da sua toda poderosa irmã. Ele também afirmou que “setores do PT estimulam a intolerância como instrumento de ação política”, mas nada disse sobre a truculência dos governos tucanos, que sufocam os legislativos locais e abusam da violência contra as forças opositoras.
E, como não podia deixar de acontecer, Aécio Neves tentou explorar o julgamento do chamado mensalão, afirmando que o PT tem “complacência com práticas que afrontam a consciência ética do país”. Nada falou sobre a compra de votos na reeleição de FHC, sobre a privataria tucana ou sobre seus esquemas sinistros com as estatais de Minas Gerais. A plateia de demotucanos, composta por políticos mais sujos do que pau de galinheiro, aplaudiu sem muito entusiasmo o cada vez mais cambaleante presidenciável do PSDB.
Altamiro Borges

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Aécio monta escritório particular, mas a conta é pública

 Aécio monta escritório particular, mas a conta é pública
Da verba indenizatória do gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) – acessível para consulta pública na internet – consta o pagamento de R$ 13.415,43 pelo aluguel e demais taxas de condomínio do imóvel em que está instalado seu escritório político em Belo Horizonte (valores do mês de novembro de 2012, o mais recente em que aparecem as contas completas atualizadas).
Apesar de a despesa cair na conta de todos nós, brasileiros – já que o congressista manda a conta ser paga pelos cofres públicos do Senado –, se o eleitor mineiro quiser entrar em contato com o escritório do senador tucano, terá dificuldade em encontrar o endereço, que foi omitido da sua página oficial na internet.
O escritório fica num suntuoso edifício comercial na área nobre da Savassi, em Belo Horizonte. O curioso é que, neste mesmo edifício o senador tem como vizinho, no 13º andar, a filial mineira do banco de investimentos Itaú BBA, que tem no conselho de administração Edmar Bacha, que foi figura de destaque da equipe econômica de FHC e hoje é um dos gurus econômicos de Aécio.
A vizinha do 4º andar é a empreiteira Queiroz Galvão. No 15º está o grupo Asamar, construtora do prédio, com negócios também em áreas como exploração de petróleo, biocombustíveis e construção civil, particularmente de obras públicas.
No 11º andar fica o Banco Industrial e Comercial S/A (Bicbanco). O banco apareceu com destaque na CPI dos Correios, que rastreou uma conta da agência de propaganda SMP & B São Paulo, de propriedade de Marcos Valério, que recebeu nesta conta em 1997 e 1998 a quantia de R$ 41 milhões da Telesp (quando ainda era estatal sob controle tucano).
Uma parte do dinheiro foi repassada para cinco empresas diferentes, estranhamente todas recém constituídas e dos mesmos donos, e outra parte sacada em dinheiro. A CPI chegou a enviar ofício à Telesp pedindo a documentação sobre o assunto. A empresa confirmou a existência de um contrato de apenas R$ 4 milhões (10 vezes menor do que o valor depositado), e disse não dispor mais dos arquivos de detalhes dos pagamentos, nem comprovação dos serviços prestados, "devido à privatização" (como se mudança de controle acionário permitisse "queimar" arquivos).
Mesmo com esse quadro mais do que suspeito, a CPI não se aprofundou no assunto e mal reportou o caso (tópico 7.2.3.4 do relatório substitutivo ao apresentado pelo relator). Não se tem notícia de que o Ministério Público tenha se interessado em ir fundo neste caso. Resultado: quando o suspeito é tucano dá-se um jeitinho de varrer para baixo do tapete e tudo acaba em pizza.
Esse quadro indica que Aécio montou, em vez de um escritório político para atender ao povo, um comitê de campanha para reuniões fechadas com grandes empresários e banqueiros. Nisso não há nada de estranho, pois é a cara do tucanato: junto aos ricos e com seguranças na portaria para manter os pobres à distância. Mas pelo menos, que não se espete a conta do aluguel para a gente pagar.
Do Brasil Atual

Rogério Correia: “Se o Gurgel não abrir inquérito contra o Aécio, estará prevaricando”

 
Em Minas, o ex-procurador Alceu Marques Torres arquivou duas representações  contra Aécio e Andrea Neves. Em 31 de maio de 2011, os deputados Rogério Correia, Sávio Souza Cruz e Antonio Júlio entregaram a Roberto Gurgel outra denúncia. Ela está na gaveta do procurador-geral da República há 22 meses e 17 dias
17 de abril de 2011. Madrugada de domingo, Leblon, Zona Sul carioca. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), dirigindo uma Land Rover, é parado pela polícia numa blitz de trânsito. Convidado a fazer o teste do bafômetro, ele se recusa. A carteira de habilitação, vencida, é apreendida. Leva duas multas.
A partir daí, o poderoso bunker montado para protegê-lo foi sofrendo alguns abalos.
O Movimento Minas Sem Censura (MSC), bloco de oposição que reúne parlamentares do PT, PMDB, PCdoB e movimentos sociais, descobriu fatos até então desconhecidos. Além de denunciá-los publicamente, fez representações a várias instâncias, pedindo que fossem investigados.
Essas ações não deram em nada até agora.
Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as tentativas para instalar CPIs não prosperaram. Lá, como em São Paulo, vige a lei da mordaça tucana.
Alceu José Marques Torres, procurador-geral da Justiça de Minas até início de dezembro de 2012, arquivou as duas representações feitas contra o senador, a irmã Andrea Neves e a rádio Arco-Íris.

Como o procurador nada apurou, nós entramos com a segunda representação”, diz o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), líder do MSC. “O promotor João Medeiros Silva Neto, do Ministério Público do Estado de Minas, abriu inquérito para investigá-la. Porém, o doutor Alceu avocou para si o processo e arquivou. O então procurador-geral prevaricou.”
Em 31 de maio de 2011, Rogério e os colegas Luiz Sávio de Souza Cruz e Antônio Júlio, ambos do PMDB, foram a Brasília.
Entregaram pessoalmente a Roberto Gurgel representação denunciando Aécio e a irmã dele, Andrea Neves, por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. A representação está na gaveta do procurador-geral da República há 22 meses e 17 dias.
“Como em 2010 Aécio se tornou oficialmente sócio da rádio Arco-Íris, cujo valor de mercado é de R$ 15 milhões, se tinha patrimônio total declarado de R$ 617.938,42?”, questiona Sávio Souza Cruz, vice-líder do MSC. “Como Aécio viajava para cima e para baixo em jatinho da Banjet, cujo dono preside a Codemig e é dono de empresas que prestam serviços ao governo de Minas? Por que Aécio indicou Oswaldinho para presidir a Codemig?”
Rogério Correia denuncia: “Há fortes indícios de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. Aécio se recusa a prestar esclarecimentos sobre o seu patrimônio. Andrea destinou dinheiro público para empresas da família. Isso é improbidade administrativa!”
“Em Minas, o Aécio tudo pode”, continua Souza Cruz. “Nós poderíamos ter copiado tantas coisas aprazíveis da Bahia, acabamos por reproduzir uma das menos positivas, o Aecinho Malvadeza.”
“Está tudo dominado”, ele sentencia. “A Assembleia Legislativa homologa tudo o que é do interesse do Aécio. O ex-procurador geral de Justiça de Minas virou o zagueiro do Aécio, nós passamos a chamá-lo de ‘Aéceu’.”
AS DENÚNCIAS MENOSPREZADAS PELA MÍDIA CORPORATIVA
Rádio Arco-Íris, Banjet, Oswaldinho, aplicação de verbas públicas em empresas da família, voos em jatinho do presidente da Codemig, suspeitas de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal, blindagem.
Nenhuma dessas denúncias, praticamente desprezadas pela mídia corporativa, é novidade. Todas, desde 2011, têm sido feitas e reiteradas (confira aqui, aqui e aqui).
O ponto de partida, relembramos, foi o flagrante do teste do bafômetro, em 17 de abril de 2011, na cidade do Rio de Janeiro.
O carro que o senador dirigia na hora da blitz — Land Rover TDV8 Vogue, ano 2010, placa HMA 1003, valor mercado R$ 255 mil, comprado após as eleições de 2010 — pertencia à rádio Arco-Íris, de Belo Horizonte (MG), cujos sócios são Aécio, a irmã Andrea e sua mãe, Inês Maria Neves Faria.
Há anos é propriedade da família Neves. Em 1987, o então deputado federal Aécio Neves ganhou a concessão para explorá-la do à época presidente da República José Sarney, atualmente senador.
Por coincidência, Aécio votou a favor da ampliação do mandato de Sarney para cinco anos, o que lhe valeu entre adversários a alcunha de “Aecinco”. Antonio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações naquele momento, assinou a outorga. Inicialmente a sede da emissora ficava em Betim, depois foi transferida para BH.
A matéria abaixo de Veja, publicada na seção Radar, em 1987, circulou muito após o teste do bafômetro. Ela diz que Aécio já seria proprietário de outras três rádios, em Cláudio, Formiga e São João Del-Rei. Investigação feita em 2011 revelou que oficialmente ele era sócio apenas da Arco-Íris. Estavam em nome de Andrea outra emissora e um jornal em São João Del-Rei.
Aécio, aliás, só passou a integrar legalmente a sociedade da rádio Arco-Íris dois meses após ser eleito senador.  Mais precisamente a partir de 28 de dezembro de 2010 com valor declarado à Junta Comercial de Minas Gerais de R$ 88 mil, o equivalente a 88 mil cotas. A mãe, dona Inês Maria Neves Faria, repassou-lhe a maior parte das suas.
Em consequência, as 200 mil cotas da empresa ficaram assim distribuídas:  Andrea, 102 mil (51%); Aécio, 88 mil (44%); e dona Inês Maria, 10 mil (5%).
Foi a sétima alteração contratual da empresa, que iniciou atividades em 1986. Abaixo a última página do contrato.
A rádio Arco-Íris, além da Land Rover, era proprietária em 2011 de outros 11 veículos registrados no Departamento de Trânsito de Minas (Detran-MG).
Dos 12 veículos, seis são carros de passeio de luxo, em geral não utilizados para fins empresariais.
Mais surpreendentes foram as frequentes autuações dos veículos da Arco-Íris no Estado do Rio de Janeiro. Afinal, ela é retransmissora da rádio Jovem Pan FM, tem sede em BH, não possui departamento de Jornalismo e se atém a músicas para jovens.
As multas aplicadas em 2011 no Toyota Fielder (HEZ1502) e na Land Rover TDV8 Vogue (HMA 1003) decorreram de excesso de velocidade nas cidades de Búzios, Rio Bonito e Rio de Janeiro e em rodovias fluminenses. A informação é do Detran-MG. Abaixo uma do Toyota Fielder (HEZ1502) .
MILAGRE DOS PEIXES 
Aécio governou Minas de janeiro de 2003 a abril de 2010. Durante os dois mandatos, a irmã Andrea comandou o Núcleo Gestor de Comunicação Social da Secretaria de Governo, criado por decreto em 3 de abril de 2003, pelo próprio governador.
O setor tinha as funções de:
1) coordenar, articular e acompanhar a execução de toda a política de comunicação social do Estado, inclusive a das secretarias, autarquias, empresas públicas e fundações estaduais;
2) decidir a alocação de recursos financeiros de toda a publicidade do Estado de Minas Gerais, sua administração direta e indireta, até mesmo das empresas controladas pelo poder público mineiro, bem como o patrocínio de eventos e ações culturais e esportivas.
De 2003 a 2010, as despesas com “divulgação governamental” somaram R$ 489 milhões. No primeiro mandato, foram R$ 157 milhões; no segundo, R$ 325 milhões, de acordo com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Tesouro (Siafi).
Nesses valores não estão incluídos os gastos com publicidade de empresas públicas ou de economia mista controladas pelo Estado, como as companhias  Mineradora (Codemig), Energética (Cemig), Saneamento (Copasa) e Gás (Gasmig), assim como as do Banco de Desenvolvimento de Minas (BMDG) e Loteria estadual (LEMG). Eles totalizaram mais de R$ 325 milhões de 2003 a 2009, conforme o Tribunal de Contas do Estado.
Pois era Andrea que orientava, determinava e supervisionava quanto, quando, como e onde aplicar todos esses recursos do Estado e suas empresas, diretamente ou via agências de publicidade.
No decorrer das gestões do irmão-governador, o seu núcleo aplicou, a título de publicidade, dinheiro de estatais mineiras e da administração direta estadual na rádio Arco-Íris e em outras empresas de comunicação dos Neves.
Exatamente quanto não se sabe, pois o ex-procurador-geral Alceu José Marques Torres nem ao menos  investigou quanto de dinheiro público a rádio Arco-Íris recebeu.
Por falar em patrimônio, em fins de 2010, quando Aécio passou a ser oficialmente sócio da rádio Arco-Íris, o capital social registrado não representava o valor real. Somente os 12 veículos em nome da empresa valiam aproximadamente R$ 714 mil em maio de 2011. Já o valor comercial da emissora, de acordo com fontes do mercado, era de aproximadamente R$ 15 milhões.
Contudo, no início de 2010, ao registrar a candidatura ao Senado, Aécio declarou à Justiça Eleitoral patrimônio total de R$ 617.938,42. Um decréscimo de cerca de 20% em relação ao de 2006. Apenas a parte dele no valor dos automóveis da rádio Arco-Íris seria de R$ 314 mil!  Um milagre dos peixes às avessas.
BANJET, CODEMIG, BANDEIRANTES, IM: RELAÇÕES FAMILIARES E COMERCIAIS
Em 2011, o Minas Sem Censura fez outra denúncia contra o senador tucano: Aécio usava gratuitamente os jatinhos da Banjet Taxi Aéreo Ltda, para deslocamentos no Brasil e exterior. “Uma cortesia da empresa”, justificou-se na época.
A Banjet fazia parte do grupo do extinto Banco Bandeirantes, sendo seus donos os empresários Clemente Faria e Oswaldo Borges da Costa Filho.
Oswaldinho (como Oswaldo Borges da Costa Filho é conhecido em Minas) é casado com Beatriz Faria Borges da Costa, filha do banqueiro Gilberto de Andrade Faria, que foi padrasto de Aécio. Gilberto, falecido em 2008, casou-se em segundas núpcias com dona Inês Maria, com quem viveu durante 30 anos.
Clemente, morto em acidente aéreo em julho de 2012, é o outro filho do primeiro casamento do banqueiro Gilberto Faria. Clemente, portanto, era cunhado do Oswaldinho, seu sócio na Banjet.
Pois Oswaldinho e Clemente eram sócios em outras empresas, entre elas a Star Diamante Ltda (nome fantasia Starminas), criada em setembro de 2003. Em 4 de fevereiro de 2004, Clemente transferiu todas as suas cotas para Oswaldo Borges da Costa Neto, que já era sócio, e Oswaldinho, a quase totalidade. Costa Neto é  filho de Oswaldinho e ficou com 259.999 cotas das 260 mil cotas da empresa. Abaixo fragmento da última página do contrato social de constituição dela.
A essa altura, Oswaldo Borges da Costa Filho  já presidia a Companhia Mineradora de Minas (Comig), como mostra nota publicada pelo jornal Estado de Minas  em 24 de setembro de 2003, página 17.
No final de 2003, a Comig teve nome e objeto social alterados para Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Codemig é uma empresa pública e como tal o diretor-presidente deve ser eleito pelo seu conselho. Mas, na prática, é quem o governador indicar. Em 2003, com Aécio no poder, Oswaldinho  – genro do padrasto de Aécio -- passou a presidir a Comig, depois a Codemig, cargo que ocupa até hoje.
Não haveria aí conflito de interesses?
Explico. A mineração é uma das áreas de atuação da Codemig. Além disso, Oswaldo Borges da Costa Filho era sócio ou integrava a diretoria de várias empresas, segundo levantamento feito na Junta Comercial de Minas Gerais em 16 de maio de 2011. Entre elas, a Minasmáquinas S/A e a Bamaq S/A – Bandeirantes Máquinas e Equipamentos, que também pertenceram ao grupo do extinto Banco Bandeirantes e mantêm relações comerciais com o Estado de Minas Gerais, segundo o Minas Sem Censura.
Curiosamente, um dos endereços do liquidado Banco Bandeirantes — Avenida Rio de Janeiro, 600,  Belo Horizonte – era o mesmo da IM Participações e Administração Ltda.
Gilberto Faria, relembramos,  era dono do extinto Banco Bandeirantes e  foi padrasto de Aécio.
A IM, por sua vez, tem como sócios os irmãos Neves da Cunha — Aécio, Andrea e Ângela, a mais nova do clã.  A mãe é a administradora. Dona Inês Maria atuou também na gestão do Bandeirantes e foi sócia do marido, o banqueiro Gilberto Faria, em algumas empresas, como a Trevo Seguradora.
A investigação pedida pela oposição mineira poderia esclarecer, por exemplo, se houve alguma triangulação entre o Banco Bandeirantes e a IM.
ASSESSORIA DE AÉCIO: ”MOTIVAÇÃO MERAMENTE POLÍTICA”
Esta repórter buscou falar com o senador e a irmã, para saber o que teriam a dizer sobre as representações feitas contra ambos pelo Minas Sem Censura.
Foram muitos e-mails e  telefonemas para o gabinete de Aécio, em Brasília, com a secretária driblando: “os assessores de imprensa estão em Minas”, “estou tentando contatá-los, mas não consigo”.
Até que, depois de muita insistência, veio esta resposta:
A assessoria do senador Aécio Neves informa que se trata de antigas iniciativas de dois deputados de oposição ao PSDB de Minas Gerais, amplamente noticiadas à época e sobre as quais foram prestados todos os esclarecimentos. É nítida a motivação meramente política das mesmas. Registre-se que uma delas chegou a ser apresentada por duas vezes, tendo sido, nas duas ocasiões, investigada e arquivada por falta de fundamento.
De Andrea, nenhum retorno. Em 2003, o então governador Aécio Neves nomeou-a para a presidência do Servas (Serviço Voluntário de Assistência Social), cargo que ocupa até hoje. Está na terceira gestão. O site da entidade informa:
O Serviço Voluntário de Assistência Social – Servas é uma associação civil, de direito privado, sem fins econômicos, que tem como objetivo promover e executar ações sociais em Minas Gerais, dotado de autonomia administrativa, financeira e operacional. É reconhecido como entidade de utilidade pública nos níveis municipal, estadual e federal. Existe desde 1951.
Andrea Neves da Cunha permanece na presidência do Servas, de janeiro de 2011 até a presente data, dando continuidade aos programas já existentes, em parceria com o Governo de Minas, empresas e entidades de classe.
Após vários e-mails e telefonemas ao setor de Comunicação do Servas nos últimos 25 dias, a chefe do setor alegou: “Andrea está de férias, não posso encaminhar para ela”.
Em resposta a mais um e-mail enviado por esta repórter, ela respondeu nessa quinta-feira 14: “A senhora Andrea já retornou de férias, mas ainda não pude tratar com ela sobre seu pedido. Havendo um retorno, informo”.
DENÚNCIA CONTRA AÉCIO E ANDREA NA GAVETA DE GURGEL HÁ QUASE 23 MESES
Em 31 de maio de 2011,os deputados Sávio de Souza Cruz, Antonio Júlio e Rogério Correia entregaram nas mãos do procurador-geral da República, em Brasília, a representação contra Aécio e Andrea.
Gurgel fez questão de ir com os parlamentares até o setor de protocolo da Procuradoria Geral da República (PGR). Aí, a representação recebeu o número 1.00.000.006651/2011-19.
“Ligávamos de vez em para o setor de protocolo e a informação era de que não havia novidade”, diz  Correia. “Sabíamos apenas que a representação não havia sido arquivada nem inquérito aberto.”
“No dia 29 de janeiro, ligamos e nos disseram que no dia 18 de dezembro de 2012, a Coordenadoria de Comunicações Administrativas (CCA) remeteu a representação e um relatório para o doutor Gurgel”, acrescenta Correia. “Nos disseram que estão na mesa dele.”
Ao Viomundo, a Secretaria de Comunicação da PGR limitou-se a dizer antes do Carnaval: “O documento protocolado pelos deputados encontra-se em análise no gabinete do procurador-geral”.
Nesta sexta-feira 15, voltamos a contatar a Secretaria de Comunicação da PGR para saber se havia tido alguma mudança  nesse período. A resposta foi “não“.
Fontes da própria PGR nos disseram que até 28 de janeiro de 2013 — portanto, um dia após Correia ligar para lá — não havia sido dado qualquer despacho na representação protocolada em 31 de maio de 2011, que continua na gaveta do procurador.
Oficialmente não é da alçada da CCA dar parecer jurídico sobre qualquer representação. É um setor grande da PGR. Aí, ficam expediente, protocolo, arquivo, publicação.
Além disso, mesmo não existindo arquivamento, o status da representação dos deputados mineiros contra Aécio e Andrea estava gravado como “arquivado” no sistema. Isso sempre acontece quando o processo está parado há mais três meses.
“Diante de todas essas denúncias, não há outra saída para doutor o Roberto Gurgel a não ser abrir inquérito junto ao STF contra Aécio Neves”, espera Rogério Correia. “Do contrário, ele estará prevaricando.” Sávio Souza Cruz afirma: “Espero que o procurador-geral da República cumpra a Constituição”.
A propósito. Enquanto a representação contra Aécio e Andrea Neves dorme há quase 23 meses na gaveta de Gurgel, ele decidiu, em cinco meses, o destino das acusações feitas em setembro de 2012 pelo publicitário Marcos Valério de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria recebido vantagens financeiras do esquema do mensalão.
No dia 6 de fevereiro, o procurador-geral resolveu mandar para Minas o processo. Nessa quinta 14, o Ministério Público Federal (MPF), em Belo Horizonte, recebeu o depoimento de Valério contra Lula.
“A denúncia de Marcos Valério, réu já condenado, querendo benefício para reduzir pena, foi rapidamente remetida ao MPF  para investigação”, compara Correia. ” Já a de duas bancadas, representando 19 deputados estaduais, contra Aécio e Andrea está sem nenhuma providência desde maio de 2011.”
“Parece que o Marcos Valério, como fonte de denúncia, tem mais credibilidade para o procurador-geral do que as bancadas estaduais de Minas dos dois maiores partidos do Brasil”, diz Sávio Souza Cruz. Correia finaliza: “É o cúmulo do partidarismo”.
Conceição Lemes
No Viomundo

Caso Aécio: “É constitucional o governador contratar empresa sua e da sua família?”

O ex-procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, cuidou de arquivar pessoalmente duas representações do Movimento Minas Sem Censura contra Aécio e Andrea Neves
Em Minas Gerais, o senador Aécio Neves (PSDB) e a irmã Andrea estão blindados por todos os lados.
Denúncias feitas contra ambos em 2011 e 2012 nunca foram investigadas, inclusive pelo Ministério Público do Estado.
O ex-procurador-geral de Justiça, Alceu José Torres Marques, que deixou o cargo no início de dezembro de 2012, cuidou de arquivar pessoalmente duas representações feitas pelo Movimento Minas Sem Censura, bloco de oposição que reúne parlamentares do PT, PMDB, PCdoB e movimentos sociais.
Ambas tinham como foco a época em que Aécio era governador (2003 a 2010) e Andrea comandou o Núcleo Gestor de Comunicação Social do Governo. Durante esse período, ela destinou dinheiro de estatais mineiras e da administração direta estadual para a rádio Arco-Íris e em outras empresas de comunicação da família Neves.
A primeira representação, protocolada em maio de 2011, foi arquivada em 27 de julho do mesmo ano. A segunda, de março de 2012, teve igual destino em novembro.
Em reportagem publicada aqui, o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG) justificou: “Como o ex-procurador-geral não apurou nada, sequer quanto de dinheiro público foi aplicado na rádio Arco-Íris, entramos com a segunda representação”.
Ela foi distribuída a João Medeiros Silva Neto, que é um dos oito promotores da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP de Belo Horizonte.
Ele não se intimidou. Abriu inquérito civil público para apurar as denúncias dos deputados Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB), respectivamente líder e vice-líder do Minas Sem Censura.
O doutor Alceu Marques, porém, avocou para si o processo – leia-se tirou das mãos de João Medeiros — e arquivou.
Mais uma vez o promotor não se intimidou. Ingressou com reclamação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Inicialmente, ela foi distribuída para o conselheiro Jarbas Soares Júnior, procurador-geral de Justiça de Minas de 2005 a 2008, nomeado pelo então governador Aécio Neves.
O promotor João Medeiros arguiu o seu impedimento. Só então Jarbas Soares Júnior se declarou suspeito. Abaixo o seu despacho.

A ação foi redistribuída, ficando a relatoria com o conselheiro Almino Afonso Fernandes.
Na seção de 11 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional do Ministério Público, o relator decidiu pela improcedência da reclamação, mas os conselheiros Mario Bonsaglia e Fabiano Silveira pediram vista do processo. Ela será julgada na próxima sessão, no dia 26 de fevereiro. O procurador-geral da República é quem preside o CNPM. Roberto Gurgel, relembramos, há quase 23 meses mantém engavetada a representação de deputados mineiros contra Aécio e Andrea Neves por sonegação fiscal e ocultação de patrimônio.
Viomundo – Ao recorrer ao Conselho Nacional do Ministério Público, o que o senhor pleiteia?
João Medeiros – Peço que seja reconhecida a atribuição da Promotoria e devolvido o inquérito à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte para que possamos realizar a investigação. Afinal, ao avocar para si o inquérito, ou seja, tirar da Promotoria o inquérito, o ex-procurador-geral feriu a autonomia do Ministério Público.
Viomundo — Por que decidiu investigar as denúncias contra Aécio e Andrea Neves?
João Medeiros – Todas as notícias que chegam à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MP de Belo Horizonte geram uma investigação através de um inquérito civil público. Assim foi feito com essa representação. Em março do ano passado, ela chegou aqui e foi distribuída para mim por critério de ordem de entrada. Até então eu desconhecia os fatos relatados. Aí, instaurei um inquérito civil público, como é de praxe em situações semelhantes.
Viomundo – O que aconteceu a seguir?
João Medeiros — A partir do momento em que abri o inquérito civil público, eu passei a levantar dados. Como os deputados haviam trazido a informação de que o ex-governador e a irmã eram proprietários de duas ou três rádios e um jornal impresso, a minha primeira providência foi solicitar à Junta Comercial documentos que pudessem confirmar isso ou não.
A abertura do inquérito chegou ao conhecimento do ex-procurador-geral, que me fez algumas ligações, para saber do que se tratava.
Depois, por escrito, ele me pediu que prestasse informações sobre o tema, pois havia suspeita de que uma investigação idêntica já havia sido feita pela Procuradoria Geral.
Enviei a cópia da portaria para instauração do inquérito civil público, que é o primeiro ato do inquérito. Ela tem a síntese do objeto, a descrição do que se tratava, com base na representação dos parlamentares.
Aí, veio o ato de avocação. Não cheguei sequer a receber a documentação da Junta Comercial.
Viomundo – Existe hierarquia funcional do chefe do MP sobre os promotores?
João Medeiros — Não, o procurador-geral é a chefia administrativa da instituição.
Viomundo – Quais as justificativas do ex-procurador-geral para avocar o processo?
João Medeiros – Foram duas. A primeira, a de que o caso já estava resolvido, pois tinha sido objeto de investigação da Procuradoria Geral. Foi então que eu soube que no ano anterior, 2011, os parlamentares já tinham enviado ao então procurador-geral de Justiça de Minas uma representação semelhante.
Na verdade, em 2011, os parlamentares se equivocaram, pois deveriam já ter encaminhado a representação à Promotoria e não ao Procurador-Geral.
Mas o ex-procurador-geral também se equivocou ao não encaminhar o inquérito para a Promotoria e realizar a investigação no âmbito da chefia do Ministério Público.
A segunda alegação é a de que o fato se projetava também sobre o atual governo. Logo, ele, o procurador-geral, deveria ser o responsável pela investigação também.
Viomundo – O que acha dessa investigação do o ex-procurador-geral?
João Medeiros – Eu tenho críticas a ela, pois foi muito célere e superficial. O então procurador-geral arquivou-a de forma quase sumária, quando, na verdade, ele a deveria ter encaminhado à Promotoria.
Viomundo – Como a investigação para a segunda representação se projetaria também sobre o atual governador?
João Medeiros – Eis a questão. Aí, tem uma distorção muito importante na leitura. Por essa interpretação equivocada, se o fato denunciado diz respeito à política de comunicação do governo e ela foi mantida, logo, em tese, haveria também irregularidades na atual gestão. Logo, o atual governador seria investigado também.
Só que não é disso que se trata. Em nenhum momento, a portaria que instaurou o inquérito fala que a política de comunicação estava equivocada, que houve licitação viciada, entre outros problemas. Além disso, a nossa preocupação não era com o patrimônio da rádio.
A nossa representação se fixou no repasse de recursos públicos para a empresa de propriedade de um ex-governador e de sua família. Esse seria o foco da nossa apuração.
Configura irregularidade ou não? Qual o valor repassado? Qual a natureza do material veiculado? Como se deu esse procedimento? É constitucional o governador contratar empresa sua e da sua família? Houve ou não privilégio? Isso não fere o princípio da impessoalidade e da moralidade?
São pontos que eu pretendia esclarecer, mas não tive oportunidade de investigar.
O nosso foco, repito, é o vínculo de parentesco de um ex-mandatário, uma empresa de sua propriedade e os recursos públicos recebidos a título de publicidade.
Viomundo — Na última sessão de 2012 do Conselho Nacional, o senhor fez sustentação oral da sua reclamação. Qual foi a sua linha de defesa?
João Medeiros – Defesa da autonomia da Promotoria e de o inquérito permanecer sob a sua tutela. Esclareci que, ao contrário do ex-procurador aventou, o meu foco de investigação não visava a política de comunicação, de modo a estender a responsabilidade para o atual governador, mas um contrato que havia sido feito na época em que o senador Aécio Neves era governador, eventualmente beneficiando a empresa dele e da família.
Ainda questionei o fato de o então procurador ter tirado o processo da minha alçada.Pedi que fosse reconhecido o papel da Promotoria, devolvendo o inquérito para ela realizar o procedimento investigatório.
O conselheiro Almino Alfonso, relator do processo, julgou improcedente a minha reclamação, mas dois conselheiros, Mario Bonsaglia e Fabiano Silveira, pediram vista. Aí, o julgamento foi suspenso. Ele está nesse pé.
Viomundo – E agora?
João Medeiros – O julgamento da minha reclamação está na pauta da próxima sessão do Conselho Nacional, em 26 de fevereiro.
Ocorre que há um detalhezinho que complica a situação. Enquanto o meu questionamento tramitou, o procurador-geral, que estava com o inquérito na sua mão, arquivou-o. Esse mais um imbróglio que terá de ser resolvido.
Vamos supor que o Conselho Nacional decida que o ex-procurador-geral tem razão. Aí, refletirei sobre o que fazer.
Agora, se o meu recurso for julgado procedente, o Conselho, além de determinar que o inquérito venha para a Promotoria, vai de ter esclarecer como vai ser feita a sua anulação do ato de arquivamento, pois foi tocado por uma autoridade incompetente. Temos de aguardar a decisão.
Conceição Lemes
No Viomundo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Aécio, turismo e turismo sexual

Aécio, turismo e turismo sexual 
E cá estamos a apartear o Senador Aécio Neves.
Desta vez ele escreveu sobre turismo e, especificamente, manifestou preocupações com o turismo sexual no Brasil. Com menos clichês do que no ano passado.
Como sempre, para criticar ele expõe números que indicam os déficits brasileiros para o setor. Sua fonte foram matérias em sites de notícias Brasil, que repercutiram, com a tradicional leveza jornalística, um relatório do “Fórum Econômico Mundial”: nosso país teria caído no ranking internacional no setor, na comparação 2011-2009.
Considerando que cada ponto de vista é a vista de um ponto, é bom lembrar que o citado Fórum representa governos e oligopólios que – hegemonicamente – levaram o mundo a sucessivas crises econômicas recentemente. Como a de 2008 e a atual na Europa, sem falar no crônico déficit fiscal dos EUA, que arrasta o mundo para “tsunamis” econômicos cada vez mais dramáticos.
E qual é a genial conclusão do relatório usado por Aécio Neves para desqualificar o Brasil? A alta carga tributária no setor de transportes seria uma das principais causas da referida “queda” brasileira. Pronto! Revelado o segredo do diagnóstico do Fórum de Davos. Eis o ponto de vista da turma do liberalismo sem limites, do estado mínimo e da privataria plena.
Números são números. Peguemos os dados da Infraero (aeroportos): em 2002 (FHC) os desembarques nacionais foram menos de 33 milhões; em 2010 (Lula), ultrapassaram os 68 milhões. Isso dá a dimensão da grandeza de nossos problemas. Que o nosso senador e a companheira Danuza Leão lamentam, compartilhando os mesmos valores: tem pobre demais nos aeroportos.
Infraestrutura é algo que deveria ter uma “herança bendita” de 30 ou 40 anos. Se os oito de FHC na presidência tivessem ajudado, certamente estaríamos melhores.
Basta pegar um item apenas, o da gestão, para mostrar o desprezo dos tucanos para o assunto. Com FHC, o turismo era um mero sobrenome de um Ministério mais amplo (primeiro , “... da Indústria, Comércio e Turismo”; depois como “... Esporte e Turismo”). E que teve seis titulares em seus oito anos de governo. Com Lula, o turismo ganhou pasta exclusiva e teve três ministros em oito anos.
Isso faz diferença para planejar e executar políticas. Sobretudo quando você pega uma área sucateada. Quase começamos do zero, pois o Plano Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT - (FHC) revelou-se apenas como um artefato de transferência e pulverização de responsabilidades e não um instrumento de integração do setor. Infraestrutura e logística em turismo, ilustre senador, é – principalmente – assunto nacional.
Quanto ao segundo tema, concordamos com o senador: o turismo sexual deve ser uma preocupação constante. Se ele voltar ao assunto vamos também fazer comparações entre as estatísticas atuais e as do tempo de FHC.
Basta dizer que, além de ações repressivas, há também questões de ordem cultural e comportamental que devem ser observadas. Exemplo: a atriz Megan Fox, contratada para enfeitar um dos camarotes no desfile do Rio de Janeiro, disse que gostaria de “ter uma bunda brasileira”. Ela é apenas uma, dentre centenas de celebridades artísticas, empresariais e políticas que nos reservam tristes exemplos como esse. Não é mesmo senador?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A história do nióbio de Aécio Neves

ALMG: Audiência Pública vai debater relação CBMM/CODEMIG/NIÓBIO
 

 Esses tucanos malditos só sabem vender o patrimônio Público.

Deputado Rogério Correia pede audiência pública para debater a renovação sem licitação, por 30 anos, do contrato para exploração do Nióbio pela CBMM
 Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deverá, em sua primeira reunião deste ano, decidir sobre o pedido de audiência pública, formulado pelo deputado Rogério Correia (PT), para debater a prorrogação, sem licitação pela CODEMIG, por mais 30 anos, do contrato de arrendamento com a CBMM para exploração da mais valiosa lavra mineral do País e a mais estratégica do planeta.
A renovação ocorreu em 2003 logo após a posse do então governador, hoje senador Aécio Neves. Para se ter ideia do que significou, em matéria de ganho, a renovação para Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que tem como atividade exclusiva a exploração da mina de Nióbio de Araxá, sem a mina, cessa sua atividade.
Depois da renovação, a empresa vendeu 15% de suas ações por 2 bilhões de dólares, ou seja, levando em conta apenas o valor de suas ações, a empresa valeria hoje 28 bilhões de dólares , valor superior ao que o Estado de Minas Gerais arrecada através de todos os impostos e taxas em um ano.
Esta operação já havia causado desconfiança principalmente nas forças nacionalistas que acompanhavam de perto a movimentação, porque meses depois a CBMM venderia 15% de seu capital a um fundo Coreano, que representa investidores não identificáveis.
“A CBMM tem o capital dividido entre o "Grupo Moreira Sales" e a "Molybdenium Corporation - Molycorp", subsidiária da "Union Oil", por seu turno, empresa do grupo "Occidental Petroleum - Oxxi", muito embora seja fácil deduzir a prevalência do grupo alienígena, pelo histórico do banqueiro Walther Moreira Sales, tradicional "homem de palha" de capitalistas estrangeiros, inclusive de Nelson Aldridge Rockefeller, que tanto se intrometeu na política do Brasil”, afirmou à reportagem do Novojornal o Contra-Almirante Reformado Roberto Gama e Silva.
Acrescentando: “Circula por aí versão segundo a qual só as jazidas de nióbio dos "Seis Lagos" valem em torno de 1 trilhão de dólares. Necessário esclarecer que por sua localização e facilidade de exploração a jazida de Araxá vale muito mais que a “Seis Lagos”.
O Ministério Público mineiro já investigava a renovação sem licitação do arrendamento celebrado pela CODEMIG, porém, fatos recentes noticiados por Novojornal, através da matéria “CBMM vende à estatal japonesa poder de veto sobre o Nióbio”, comprovam também a prática de crime contra a soberania nacional. Trata-se da venda de mais 15% das ações da CBMM, dando poder de veto a uma empresa estatal japonesa.
Novojornal noticiou ainda que tais vendas ocorreram em função do quadro beligerante entre Aécio Neves e Oswaldo Borges da Costa, presidente da CODEMIG, dando início à divisão do que avaliam ser uma fortuna incalculável conseguida e a conseguir através da diferença entre a venda subfaturada e o valor real no exterior do Nióbo.
O Nióbio, riqueza que poderia significar a redenção da economia mineira e nacional, foi entregue, através de operação bilionária e ilegal, a empresa estatal japonesa, Japan Oil, Gas and Metals National Corporation, em parceria com um fundo de investimento que representa os interesses da China.
Este é o final de um ruidoso conflito instalado no centro do Poder de Minas Gerais que vem sendo, nos últimos dois anos, de maneira omissa e silenciosa, testemunhado pelo governador Antônio Anastásia.
Desde 2003 o então governador e atual senador Aécio Neves entregou a condução das principais decisões e atividades econômicas do Estado de Minas a Oswaldo Borges da Costa, que assumiu a função estratégica de presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG), criando um governo paralelo.
Por trás deste cenário artificial operou um esquema de corrupção, que contou com a cumplicidade até mesmo da Procuradoria Geral de Justiça, que impedia a atuação do Ministério Público Estadual, à imprensa mineira jamais foi permitido tocar neste assunto.
Na audiência pública está previsto o comparecimento dos maiores especialistas do setor principalmente os ligados as Forças Armadas que veem promovendo gestões para federalizar, a exemplo da Petrobras, a exploração de Nióbio. Relatórios confidenciais da Abim e da área de inteligência do Exército demonstram como operou o esquema criminoso de subfaturamento montado pela CODEMIG/ CBMM, através da Cia de Pirocloro de Araxá.
A assessoria de imprensa da CBMM, da CODEMIG, do senador Aécio Neves e do Governo de Minas Gerais foram procuradas e não quiseram comentar o assunto.
Documentos que fundamentaram a matéria
Fonte:Novo Jornal  via terror do Nordeste

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Você sabia que paga R$ 13.415,43 por mês para sustentar o 'comitê' do Aécio junto a banqueiros e empreiteiros?

Atualizado às 18:35hs

Escritório-comitê de Aécio Neves (PSDB-MG). Junto aos banqueiros e empreiteiros, longe do povo
Mas é o povo quem paga o aluguel
Escritório-comitê de Aécio Neves (PSDB-MG). Junto aos banqueiros e empreiteiros, longe do povo.
Mas é o povo quem paga o aluguel.
Na verba indenizatória do gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) consta o pagamento de R$ 13.415,43 pelo aluguel mais condomínio de escritório político em Belo Horizonte (valores do mês de novembro de 2012, o mais recente em que aparecem as contas completas atualizadas). É, provavelmente, um dos maiores aluguéis pagos por parlamentares para escritório político em todo o Brasil.

Aecio neves verba indenizatória banqueiros psdb
Apesar desta despesa ser espetada na conta de todos nós, brasileiros, através dos cofres públicos do Senado, se o eleitor mineiro quiser entrar em contato com o escritório do senador, terá dificuldade em encontrar o endereço. O senador não divulga em sua página oficial na internet, apesar de tratar a despesa como se fosse pública para atender o público.

Pesquisando um bocado, descobrimos que o escritório fica num suntuoso edifício na Rua Paraíba, 1000, na área nobre da Savassi, em Belo Horizonte. Só não conseguimos descobrir ainda em qual andar.

Neste mesmo edifício, por coincidência, o senador tem como vizinho, no 13o. andar, a filial mineira do banco de investimentos Itau BBA, que tem no conselho de administração Edmar Bacha, da equipe econômica de FHC que quebrou o Brasil 3 vezes e hoje é um dos gurus econômicos de Aécio.

No 11o. andar fica o Banco Industrial e Comercial S/A (Bicbanco). Por coincidência, a CPI dos Correios rastreou uma conta neste banco da agência de propaganda SMPB São Paulo, de propriedade de Marcos Valério, que recebeu nesta conta em 1997 e 1998 a quantia de R$ 41 milhões da TELESP (quando ainda era estatal sob controle tucano). Uma parte do dinheiro foi repassada para 5 empresas diferentes, todas recém constituídas e dos mesmos donos, o que as torna suspeitíssimas, e outra parte sacada em dinheiro. A CPI chegou a enviar ofício à TELESP pedindo a documentação. A empresa confirmou a existência do contrato de apenas R$ 4 milhões (10 vezes menor do que o valor depositado), e disse não dispor mais nos arquivos de detalhes dos pagamentos, nem comprovação se houve serviços prestados, "devido à privatizaçao" (como se mudança de controle acionário permitisse "queimar" arquivos). Mesmo com esse quadro mais do que suspeito, a CPI não aprofundou no assunto, blindando o tucanato e mal reportou o caso (tópico 7.2.3.4 do relatório substitutivo ao apresentado pelo relator). Não se tem notícia de que o Ministério Público tenha se interessado em ir fundo neste caso. Resultado: quando o suspeito é tucano dá-se um jeitinho de varrer para baixo do tapete e tudo acaba em pizza.

Mas, voltando ao assunto do escritório-comitê de Aécio Neves, o vizinho do 4o. andar é a empreiteira Queiroz Galvão. No 15o. andar, o grupo Asamar S.A., construtor do prédio, com negócios em várias áreas, como petróleo, biocombustíveis e construção civil.

Esse quadro mostra que Aécio montou não um escritório político para atender o povo, mas um comitê de campanha para reuniões entre quatro paredes com grandes empresários e banqueiros. Nisso não há nada de estranho, pois é a cara do tucanato: junto aos ricos e com seguranças na portaria para manter os pobres à distância. Mas pelo menos não espete a conta do aluguel para a gente pagar.
Fonte:Os Amigos do Presidente Lula

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Aécio Neves e Renan Calheiros, jogo de compadres

Terminada a votação para presidência do Senado, a máscara do senador Aécio Neves (PSDB-MG) caiu, revelando um jogo de compadres. 

A TV Senado pegou em flagrante o tucano dando um caloroso abraço no vencedor Renan Calheiros (PMDB-AL) e o resultado garantiu para o PSDB um lugar na mesa do Senado para o correligionário Flexa Ribeiro (PSDB-PA), contrariando a regra de deixar fora da mesa quem vota em desacordo com a proporcionalidade das bancadas.

O PMDB ameaçava não apoiar Flexa Ribeiro no posto se houvesse 22 ou 25 votos do lado que Taques. Com a baixa votação do "anticandidato", o senador tucano conseguiu ser escolhido "prefeito do Senado" com 58 votos, sem problemas.

E não é um lugar qualquer. É a cobiçada primeira secretaria, apelidada de "prefeitura" da Casa, porque administra licitações e contratos. Com isso, os tucanos ficaram com a chave do cofre do Senado. Um orçamento de R$ 3,5 bilhões por ano, maior do que a maioria das capitais brasileiras, inclusive cidades com mais de 2 milhões de habitantes.

O novo "guardião" da chave do cofre do Senado já foi preso pela Polícia Federal em novembro de 2004 na Operação Pororoca. Flexa Ribeiro e 27 empresários foram acusados de fraudes em licitações públicas no Amapá e no Pará. Uma das empresas beneficiadas pelo esquema era a Engeplan, da qual o tucano era sócio.

Além de controlar grandes licitações de obras, serviços de segurança, transporte, alugueis de veículos, limpeza, fornecedores, etc, o cargo permite fazer contratos como aquele que proporcionava pagamentos mensais para o jornalista Ricardo Noblat (que cobre o noticiário do Senado) para fazer um programa semanal de jazz na Rádio Senado.

Moral da história: no Jornal Nacional Aécio apresentou-se como se estivesse apoiando Taques. Nos bastidores entregou o jogo a Renan, naquele melhor estilo de jogo combinado entre compadres, para garantir o estratégico controle do cofre do Senado para os tucanos, coisa que prenuncia ser de grande valia no financiamento da campanha de 2014 além de "otras cositas más".