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domingo, 12 de abril de 2015
Operação Zelotes flagra o primo do Aécio Neves
Na manhã do dia 19 de março de 2014, o senador Francisco Dornelles, do
Partido Progressista (PP) do Rio de Janeiro, atual vice-governador do
Estado, recebeu um e-mail com o assunto "Processo do Partido -
Resultados julgamento CARF". O remetente, João Batista Gru-ginski,
antigo funcionário de confiança de Dornelles e sócio da consultoria SGR,
enviou ao endereço eletrônico dele no Senado dois arquivos em anexo. Um
continha uma planilha com as multas fiscais de cerca de R$ 8 milhões,
aplicadas ao PP no escândalo do mensalão por emissão de notas frias. O
outro era uma notícia com a decisão do Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais, mais conhecido pela sigla Carf, de manter a punição da
Receita Federal ao PP. No e-mail, Gruginski explicou o conteúdo dos
documentos e discorreu sobre sua capacidade de reverter as decisões do
Carf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda. É o primeiro documento
revelado que dá a real extensão do envolvimento do PP no caso. Gruginski
copiou, na mesma mensagem, seu sócio e ex-conselheiro do Carf, José
Ricardo da Silva, e Ermeto Antônio Cembranel, ex-conselheiro fiscal do
PP. Cinco meses depois, o partido entrou com um recurso no Carf para
reduzir as multas do mensalão.
Tudo se encaminhava para que a turma do ex-funcionário de Dornelles
anulasse a multa. Mas a Polícia Federal atrapalhou os planos do PP. No
fim de março, Gruginski, a consultoria SGR e seu sócio José Ricardo se
tornaram os principais alvos da Operação Zelotes. A ação desmantelou um
esquema de pagamento de propina de grandes empresas para influenciar
decisões no Carf que somavam R$ 19 bilhões. Não apenas grandes empresas.
Os serviços prestados pelos sócios da SGR ao PP também estão sendo
investigados. É a primeira conexão política que surge no esquema do
Carf. O partido de Dornelles, alvejado no mensalão e afundado no
petrolão, comete a proeza de, agora, envolver-se no zelotão.
Gruginski, o ex-assessor de Dornelles, é apontado como suspeito pela PF
de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, entre
outros crimes. Seus sigilos foram quebrados durante a investigação. A PF
descobriu que ele redigia votos dos conselheiros, sempre favoráveis às
empresas que contratavam seus serviços de consultoria. Os policiais
pediram a prisão dele, mas a Justiça não a autorizou. Os investigadores
consideram a SGR, empresa de Gruginski, a central de pagamentos de
propina do esquema.
A relação entre o PP e Gruginski, sócio da SGR, começou em 2007.
Dornelles, ex-presidente do partido, aproximou-se da empresa de
consultoria para entrar com um recurso contra Fisco acusava o PP de ter
emitido notas frias para a contratação de serviços inexistentes. Segundo
as investigações, parte do dinheiro que saiu do caixa do partido serviu
para pagar o mensalão. Para reverter as multas, Gruginski foi chamado
para entrar na jogada. Auditor aposentado da Receita, ele trabalhou como
coordenador de arrecadação enquanto Dornelles era secretário da
Receita, na década de 1980. Depois, foi assessor de Dornelles no
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, também,
no Ministério do Trabalho, em 2002.
Gruginski recebeu a missão de Dornelles de salvar o partido de uma
enrascada fiscal. Em 12 de agosto do ano passado, meses após o e-mail a
Dornelles, o auditor aposentado foi grampeado numa ligação feita para o
seu sócio José Ricardo, o ex-conselheiro do Carf. Na conversa, Gruginski
pediu para que José Ricardo tentasse levantar informações sigilosas
sobre o processo do PP em andamento. O objetivo era saber os detalhes
dos fatos e das argumentações jurídicas contra o partido, de modo a
preparar a defesa e saber com quais conselheiros fazer lobby. Três horas
depois, José Ricardo entrou em contato com um servidor do Carf para
obter parte das informações.
As conversas provocaram ainda mais suspeitas nos policiais e trouxeram o
PP e Gruginski para as investigações ao lado da principal suspeita, a
SGR. Do PP, Gruginski recebeu R$ 170 mil, entre 2009 e 2012. "Na esteira
desse raciocínio e aliado ao fato de ser sócio de José Ricardo,
solicitaremos o monitoramento das ligações telefônicas de Gruginski,
mesmo porque estão trabalhando no processo de interesse do senador
Dornelles e do Partido Progressista", diz um relatório de inteligência
da Polícia Federal. Em outro grampo, Dornelles é citado numa conversa
cifrada entre dois investigados: Lutero Fernandes, chefe do Serviço de
Assessoria Técnica e Jurídica do Carf, e Jorge Rodrigues, conselheiro do
Carf. "Deu curso naquela peça lá do nosso amigo Dornelles?" diz
Fernandes a Rodrigues no dia 14 de agosto do ano passado.
Procurado, Dornelles afirmou que mantinha contato apenas com Gruginski,
um profissional "extremamente sério", e que não conhecia José Ricardo,
também sócio da SGR. "Estão querendo desmoralizar o Carf com essa
operação da Polícia Federal", afirma o vice-governador. Gruginski disse
que não comentaria o caso. O advogado Ge-túlio Humberto Barbosa, que
defende José Ricardo da Silva, afirmou que a PF fez "ilações no
inquérito" e que existe "muita confusão" na investigação. "Eles estão
sofrendo por ser de um escritório muito requisitado", diz Barbosa.
O envolvimento do PP no zelotão chamou a atenção de investigadores. A
maioria dos 74 processos sob suspeita no Carf está relacionada a grandes
empresas que recorriam do pagamento de dívidas de centenas de milhões
de reais ou até bilionárias. Entre as companhias e os bancos que estão
na mira da Polícia Federal, destacam-se grandes arrecadadores, como
Brades-co, BRF, Ford, Gerdau, Mitsubishi, RBS, Safra, Santander, entre
outros. Segundo a PF, todos eles recorreram, direta ou indiretamente, a
pequenas empresas de consultorias e desconhecidos escritórios de
advocacias controlados por integrantes e ex-membros do Carf e da
Receita, como a SGR. Gente como Gruginski ganhava uma bolada para fazer
tráfico de influência no Carf e intermediar pagamentos de propinas para
sanar a dívida das empresas enroscadas com o Fisco. Todas as empresas
negam.
Somente a SGR, de Gruginski e José Ricardo, movimentou em suas contas
bancárias mais de R$ 115,5 milhões entre janeiro de 2005 e dezembro de
2013. Entre junho de 2011 e janeiro de 2012, Gruginski recebeu seis
transferências da SGR, totalizando R$ 1,5 milhão. No relatório, a PF
ressaltou que o período é o mesmo em que o grupo recebeu R$ 12 milhões
da RBS pela atuação no Carf. Outro fato que chama a atenção dos
investigadores é a quantia de dinheiro vivo sacada das agências
bancárias. A PF suspeita que os pagamentos das propinas da SGR foram
feitos por Hugo Rodrigues Borges, funcionário de uma empresa da família
de José Ricardo. Ele realizou 21 saques em dinheiro vivo no valor total
de R$ 3,6 milhões. "É de espantar que esse esquema no Carf tenha durado
tanto tempo", diz o procurador da República Frederico Paiva, responsável
pela investigação e coordenador do núcleo de combate à corrupção no
Distrito Federal.
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal estão negociando um
acordo de delação premiada com dois dos principais suspeitos: Jorge
Victor Rodrigues, ex-conselheiro do Carf e sócio da consultoria SBS, e
Paulo Roberto Cortez, conselheiro do Carf. Os dois disseram que estão
dispostos a colaborar com a investigação, mas até agora não assumiram
oficialmente o compromisso de contar o que sabem. "Eu disse para o
delegado da PF que poderia ajudar no inquérito, mas eu não vou assinar a
delação premiada, porque não tenho conhecimento do suposto esquema. A
minha atividade era extremamente legal. As falas grampeadas na
investigação foram tiradas de contexto", diz a ÉPOCA Rodrigues, suspeito
de ter negociado o pagamento de R$ 28 milhões em propinas para
influenciar na decisão do Carf referente ao processo do banco Safra. Reportagem da Revista Época
Leia também: Dornelles, o homem-bomba da CPI da Petrobras que constrange Aécio
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3 comentários:
É de família ,ta no sangue.
A petezada tenta enxovalhar outros partidos afim de se posicionar como inocentes, quando no entanto quem esta na governança do país é a propria com as mãos sujas delapidando a Petrobras e outras estatais. Essa praga tem de ser removida, valos lutar por isso.
fagnetto militante tucano pago DETECT
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