Senadores golpistas: Aécio Neves, recordista em citações na Lava-Jato
De uso de dinheiro público para um aeroporto privado a
recebimento de propina, a lista de ilegalidades do senador mineiro é
extensa
O senador
Aécio Neves
(PSDB) é praticamente campeão nas citações das delações premiadas da
Operação Lava Jato. Ao Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da
República,
Rodrigo Janot, pediu a abertura de dois inquéritos sobre o senador mineiro com base em depoimentos e investigações prévias.
De acordo com as
delações do doleiro Alberto Youssef e de
Delcídio do Amaral, Neves teria recebido propina de
um esquema de corrupção operado em
Furnas.
Furnas é uma empresa de economia mista e que opera nos Estados de Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Tocantins, Paraná, Distrito
Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rondônia, São Paulo, Rio
Grande do Norte e Ceará.
Para receber o dinheiro ilegal, Aécio usaria uma conta no paraíso fiscal do principado europeu de
Lienchestein. O dinheiro desviado iria para a conta aberta em nome da mãe do senador, e da qual Aécio seria o beneficiário.
Outra acusação é de que Aécio teria
interferido junto à CPI dos Correios para obstruir as investigações em
2005. O senador teria enviado um emissário a
Delcídio,
que presidia a Comissão Parlamentar de Inquérito pedindo que o envio
das informações da quebra do sigilo bancário no Banco Rural fossem
postergadas. Nesse ínterim, segundo o delator, Aécio teria tido tempo
para maquiar as contas e esconder o rastro dos desvios feitos no banco.
Aécio também foi citado na delação do
Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, um dos entregadores de
dinheiro de Yousseff. Ceará afirma que por meio de um diretor da empresa
de engenharia
UTC teria entregue R$ 300 mil a Aécio. O senador ambém aparece na delação de Léo Pinheiro, executivo da OAS.
O Ministério Público Federal ingressou com ação civil pública, em
2015, para cobrar, do governo de Minas Gerais, o repasse de R$ 9,5
bilhões para a área de saúde. O valor atualizado corresponde a R$ 14,2
bilhões. De acordo com a ação, este valor deixou de ser investigo pelos
tucanos
Aécio Neves e Antônio Anastasia, entre 2003 e 2012, no estado.
A
Procuradoria da República de Minas alega que os ex-governadores, hoje
senadores pelo PSDB, descumpriram emenda que obriga aplicação mínima de
12% do orçamento na saúde. A ação informa que os governos tucanos
deixaram de aplicar R$ 9,5 bilhões no Sistema Único de Saúde em Minas
Gerais.
Escândalos Aéreos
Em seu mandato como governador de Minas Gerais, Aécio Neves gastou R$ 14 milhões em dinheiro público na construção de um
aeroporto
privado na fazenda de seu tio-avô na cidade mineira de Cláudio. Mesmo
tendo sido construído com o dinheiro público, a família do senador
mantém as chaves do aeroporto, que não é reconhecido pela Agência
Nacional de Aviação Civil (ANAC). A pista recebia semanalmente
familiares de Aécio e outras aeronaves de pequeno e médio porte cujo
pouso tem de ser autorizado pela família do senador.
Na prática, o aeroporto servia ao próprio senador, que utilizava a pista de pouso ao menos 6 vezes ao ano.
Aécio também esteve envolvido em outro “escândalo aéreo”.
O Ministério Público de Minas Gerais investiga o tucano, ex-governador
de Minas Gerais, por ter usado aeronaves oficiais 124 vezes para ir ao
Rio de Janeiro enquanto era governador do estado, entre 2003 e 2010.
Contas de campanha
O PT pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que sejam
investigados os fortes indícios de compra de nota fiscal, de utilização
de empresas de fachada e uso de
caixa dois na campanha do candidato Aécio (PSDB) à Presidência da República em 2014.
O PT pediu especial atenção para a
empresa VTG Marketing e Relacionamento LTDA, localizada em Alphaville
Industrial (Barueri-SP), que recebeu R$ 55 mil da campanha e emitiu uma
nota fiscal como prêmio em dinheiro, cobrando uma taxa administrativa, a
indicar que se tratou de compra de nota fiscal e uso de caixa dois.
Nepotismo
Durante sua carreira política em Minas Gerais, Aécio colecionou um currículo extenso de ações
nepotistas.
Fernando Quinto Rocha Tolentino, primo de Aécio, foi assessor do
diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagem (DER/MG). Guilherme
Horta, outro primo, assessor especial do então governador. Já a prima
Tânia Guimarães Campos foi secretária de agenda do governador. Frederico
Pacheco de Medeiros, outro primo, foi secretário-adjunto de estado de
Governo. Tancredo Augusto Tolentino Neves, tio, diretor da área de apoio
do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Andréia Neves da
Cunha, irmã, diretora-presidente do Serviço de Assistência Social de
Minas Gerais (Servas).
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