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quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Os tucanos de São Paulo e o Aécio Neves mais uma vez estão na mira da Lava Jato
Procuradores desconfiam que colaboradores
omitiram informações sobre irregularidades em governos de São Paulo e Minas
Gerais
Por Afonso
Benites
Delatores que omitiram informações, propositalmente
ou não, para a Operação Lava Jato serão convocados a prestar novos depoimentos
nas próximas semanas. Entre eles estão representantes das empreiteiras Camargo
Correa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez que deixaram de detalhar supostos
esquemas de propina pagos para tocarem obras de responsabilidade dos Governos de
São Paulo e de Minas Gerais quando eram administrados pelo PSDB. Obras
realizadas nos Governos paulistas de José Serra e Geraldo Alckmin e no mineiro
de Aécio Neves estariam na mira dos investigadores.
O recall de delatores
foi confirmado ao EL PAÍS, por fontes ligadas à investigação na Procuradoria
Geral da República. O que chamou a atenção do grupo de trabalho que atua em
Brasília foram informações que antecedem o acordo de delação premiada de
executivos das empreiteiras Odebrecht e OAS citando irregularidades em obras das
quais ambas participaram ao lado das demais investigadas ou nas quais foram
concorrentes. Entre elas a Cidade Administrativa de Belo Horizonte (MG), as
construções no Metrô de São Paulo e do Rodoanel do mesmo Estado. Outras propinas
pagas para participarem de obras na gestão de Dilma Rousseff (PT) na presidência
também não foram descartadas.A nova convocação coloca em risco benefícios
obtidos por alguns dos delatores que já haviam assinado os acordos. Em
entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, não confirmou a existência desse recall. Falando em tese, porém,
ele citou que o colaborador é obrigado a revelar todos os atos ilícitos dos
quais participou, se não o fizer, pode ter sua pena aumentada e seu benefício
cassado.
“Existe a possibilidade da pessoa se esquecer mesmo. Estamos
falando de anos e anos que se passaram de prática de diversos atos. Agora, se
for um esquecimento doloso, deliberado, pode, sim, receber pena maior, aumentar
multa e até quebrar a colaboração”. No entendimento de Janot, mesmo se o
benefício for suspenso, as provas apresentadas pelo delator continuam
válidas.
Continuidade dos contratos
Com o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff (PT) e a assunção do grupo de Michel Temer (PMDB)
apoiado pelo PSDB, parte das empreiteiras tem evitado delatar esquemas que
envolvam o grupo que atualmente governa o Brasil, segundo relataram empresários
a investigadores. A razão seria que essas empreiteiras precisariam seguir
firmando contratos com o Governo federal e, no entendimento delas, se
entregassem irregularidades de quem está no poder, dificilmente conseguiriam ser
aprovadas em processos licitatórios para novas obras. Elas temem que a corrupção
sistemática que por décadas predomina no poder público brasileiro ainda esteja
longe de acabar, independentemente de quem esteja no comando do país.
O
debate sobre a acurácia dos depoimentos de delatores voltou a ser tema nesta
semana, quando vieram à tona incongruências da colaboração de Otávio Azevedo,
ex-presidente da Andrade Gutierrez. À Justiça ele disse ter feito um repasse de
1 milhão de reais, que seria propina disfarçada, ao PT _o destino final do
dinheiro era a campanha Dilma-Temer, de 2014. As prestações de contas, no
entanto, mostraram que a soma foi enviado por meio de um cheque nominal a Michel
Temer. O presidente nega que o recurso tenha origem irregular. (No El País) via blog Francisco Castro
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