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terça-feira, 4 de outubro de 2011
O pêndulo de Aécio
Do Bloco Minas sem censuraO “Aparte” antecipado que divulgamos na sexta-feira, dia 30 de setembro, “furou” o texto assinado por Aécio Neves e impresso na Folha de São Paulo desta segunda-feira, dia 03 de outubro. O título de seu artigo é “Responsabilidade”. A sensação que temos é de que o escrito foi mudado, em função da antecipação de nossa resposta. É fraquinho.
Desnecessário é gastar um “Aparte” inteiro para polemizar com ele. O que divulgamos na sexta-feira [De Aécio e (des) honestidades políticas] é suficiente, e quem ainda não o leu, veja na seção APARTE deste site . No entanto, cabe aqui uma notinha.
O genérico escrito desta semana faz lembrar o famoso romance de Humberto Eco, O Pêndulo de Foucault. Como se sabe, este se desdobra com a invenção de uma trama ocultista. Três personagens resolvem explorar a atração humana por assuntos conspirativos, envolvendo sociedades secretas, lendas sobre a dominação do mundo e várias outras referências esotéricas. Os gozadores são Belbo, Casaubon e Diotallevi que desenvolvem um “Plano” místico, com o qual provocam o fascínio de quem lê a obra.
O romance de Eco parece que inspirou o (ou a) ghost writter do senador mineiro.
Aécio é signatário de um texto que o representa como a síntese dos três personagens do semiólogo italiano. Da tragédia à farsa: seu texto ocultista, de baixa extração, só serve para fugir à responsabilidade de debater os temas do substitutivo que apresentou ao PLS nº 1, do senador Flexa Ribeiro.
Sua “contribuição” no Senado, ao mencionado PLS, se resume a diminuir os repasses aos municípios mineradores, aumentar o quinhão dos estados e manter intacta a parte da União, de tudo que for explotado no país.
Ele cita a Noruega como exemplo de tratamento do tema, para as “gerações presentes e futuras”. Mas sua proposta nada tem de norueguesa. Escreve Neves a “originalíssima” ideia de se criar fundos que ajudem a evitar que a exaustão de recursos minerais, como ferro e petróleo, impactem a economia futura. Sinceramente, na incapacidade de tirar algo inovador de sua cartola neoliberal, nosso ocultista repete – com a maior desfaçatez – o que já foi dito por Lula no passado recente. O seu “Plano” espectral é um amontoado de platitudes. E ele ainda tem a coragem de vir com essa abaixo:
“A necessidade da revisão dos royalties dos minérios é antiga e é compromisso assumido pela presidente Dilma Rousseff, que, no entanto, ainda não se confirmou.”
Ganha um doce quem, pesquisando nos anais da Câmara de Deputados, ache qualquer coisa substantiva dita ou feita pelo agora senador mineiro, nos seus dezesseis anos de deputado federal, que denotassem preocupação com recursos não renováveis e o impacto de sua exaustão. Governador das “Minas” Gerais teve ele chance, também, para intervir no tema. Assim, suas falas esotéricas, enigmáticas e dúbias servem ao seu estilo plástico, portando, moldável às circunstâncias, em permanente preparação para o destino que se lhe impôs: o de eterno postulante à presidência da República, indiferentemente a plataformas, programas e projetos que demarquem uma opção política e partidária.
A sensação que se tem, com seus pronunciamentos, é que se o comunismo volta a apaixonar corações e mentes, em escala de centenas de milhões no mundo, ele vai se declarar um simpatizante do marxismo.
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