Aécio contra o Mercosul é caminho para desindustrializar o Brasil e dar adeus ao BRICS
Em entrevista a jornal argentino, candidato tucano a presidente, Aécio Neves se mostra ainda aliado ao Consenso de Washington
O senador Aécio Neves (MG), pré-candidato a presidente da República em 2014, em entrevista ao jornal La Nación, da Argentina, sinalizou que seu plano é esvaziar o Mercosul, e fazer outros tratados de livre comércio.
O tucano declarou: "Estamos muito preocupados com o que acontece hoje
no Mercosul, que está muito engessado. Duvidamos se a união aduaneira é
ainda o melhor caminho (...) Não devemos perder as alianças comerciais
do Brasil com a Argentina, mas temos de transformar o Mercosul em uma
área de livre comércio, que permita a cada Estado associado firmar
acordos comerciais com outros países. (...) Temos de ter coragem de
repensar e revisar o Mercosul. Neste sentido, a Aliança do Pacífico,
constituída pelo México, Colômbia, Peru e Chile é um exemplo de
dinamismo".
A declaração remete a antigas propostas dos anos 1990 como a Área de
Livre Comércio das Américas (Alca), projeto hegemônico dos EUA que, se
implementado nos moldes entreguistas propostos, impediria o
desenvolvimento nacional – e dos demais países do continente – por
décadas.
Nas eleições de 2010, o então candidato tucano, José Serra, também
disse a mesma coisa que Aécio diz agora. Os tucanos se deslumbram com o
Chile. Porém, para haver acordos vantajosos é preciso haver sinergia nas
trocas comerciais entre dois ou mais países. O Mercosul tem a sinergia
da integração sul-americana, onde todos se desenvolvem juntos.
O Chile não tem grandes problemas em fazer acordos comerciais com
grandes países industrializados porque exporta minérios, frutas, salmão,
vinhos, celulose, metanol, produtos químicos e insumos agrícolas. Não
tem nem um parque industrial a competir com outros países grandes, nem
um mercado interno gigante e em expansão como o brasileiro. O Brasil
deve ter soberania na dosagem de abertura em setores da economia, de
acordo com o interesse nacional, em vez de submeter-se a tratados
escritos por estrangeiros.
O ex-presidente Lula, apesar de ter encontrado o Brasil em situação
delicada e dependente do FMI em 2003, resistiu às pressões, refutou a
Alca, revigorou o Mercosul e pela via diplomática abriu mercados com
todas as partes do mundo, ampliando as exportações brasileiras. A
presidenta Dilma deu continuidade à sua política externa e, hoje, a
Organização Mundial do Comércio (OMC) é conduzida por um brasileiro.
As propostas do tucanato podem enterrar toda a geopolítica exitosa
construída nos últimos dez anos. E se voltar aquela política do governo
FHC de submeter-se ao chamado Consenso de Washington, do qual o livre
comércio imposto pelos países imperialistas faz parte, o Brasil acabará
ficando para trás. E aí, adeus ao "B" dos Brics (sigla dos principais
países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
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